A meu ver, a vida é tão trágica quando um conto de terror de Edgar Allan Poe.
Esse é um dos motivos de eu dizer que todo ser humano é um idiota. Muitos poderão até responder: "fale só por você!" E um dos motivos da idiotice humana, é se iludir com a vida. Mil nadas nos são oferecidos. Tudo fugaz; sucessões de problemas, de contrariedades de todas as espécies; convivemos com inimigos mortais, um deles, o tempo.
Nesta semana, ao ver um poema sobre quando a velhice chegar, num blog que sigo, pensei em comentar, mas ao ler comentários, que teciam loas à velhice, desanimei... Tal blog é muito bom, sua proprietária, além de ótima poeta, é uma pessoa educadíssima, tudo indicando ser uma equilibrada, do bem. Porém, às vezes, me dá uma canseira de tanto ficar na contramão.
Gente, velhice é fria! Quem não leu, se tiver curiosidade, leia "O Homem Medíocre", de José Engenieros. Ele, um médico, explana, com muita precisão, os revezes da velhice. E não é só lendo-o , que tomamos ciência disso, na nossa própria vida prática, percebemos tal fato.
E, nesta mesma semana, tomei conhecimento que mais um idiota, um velho conhecido, morreu: o ex-companheiro da minha mãe. J. tinha 73 ou 74 anos(minha mãe , se estivesse viva , completaria 72 anos, em dezembro próximo). Ele começou a sentir dor na coluna, logo em seguida, no peito, e disse para o irmão: "me leve ao hospital, pq não quero morrer". Mas não adianta não querer morrer, a morte, obviamente, chega contra a nossa vontade. Ele faleceu, poucas horas depois, no hospital, de infarto.
Apesar de eu não gostar dele, fiquei sentido com a notícia, me bateu uma tristeza; comecei a ter certas lembranças, incluindo a da minha saudosa mãe. J. viveu uns 14 anos com minha mãe. Eu morei 8 anos com os dois. Minha mãe não foi feliz com ele, que não foi um bom marido. Eu, também, não fui feliz. J. era um chato; imaginem um adolescente, mas desses bem inconvenientes... assim era ele. Ótimo anfitrião, ele cativava muito as pessoas. Era desses que pagava almoço, bebidas para os outros. Era capaz de presentear até a um estranho. Dava esmolas aos mendigos. Comprava, praticamente, todo mês , no shopping time. Comprava sempre mercadorias da maior qualidade, e dava a mercadoria usada para os outros, em especial para o seu casal de filhos; meu irmão também ganhou muita coisa dele. Levou calote de muita gente, mas mesmo se queixando conosco dos caloteiros, não cobrava as dívidas dos mesmos. Se eu fosse um folgado, um cara explorador, eu poderia ter deitado e rolado com o J., mas essa nunca foi minha índole.
Porém, quem convivia com mais assiduidade com ele, é que o conhecia bem. Extremamente agressivo, especialista em brincadeiras de mau gosto, machista ao extremo, gostava de derrubar as pessoas, gostava de intrigas, de por fogo, de perturbar. Claro que ele era infiel. Mentia com uma certa facilidade também. Que eu saiba, nunca ele bateu em minha mãe(se isso acontecesse, eu não aceitaria, lógico), mas costumava ser muito ríspido com ela. Era notório que tinha mais consideração pelos filhos do que por ela, embora, apesar dos pesares, ele ter gostado dela, que o ajudou muito a subir na vida. Ele mesmo dizia: "Se não fosse ela, eu já estaria debaixo da terra". Ele era do tipo de homem que batia em mulher; era uma pessoa violenta, criadora de caso.Batia em animais, como bateu em um dos nossos papagaios, depois de ser bicado por ele(minha ex-esposa ficou indignada). Ele provocava também os animais... Era prestativo. Paradoxalmente, se hoje tenho meu computador, foi graças a ele, que o me deu, depois da morta da minha mãe. E é constrangedor dizer isso, mas ele sustentou esse João Ninguém aqui por 8 anos. Meu antigo e bom som três em um da sony, foi ele quem me deu. Quando eu dava as minhas saídas, era usando meu minguado dinheiro, assim como quando comprava meus vinis e cds, mas eu não tinha despesas em casa, comia e bebia do bom e do melhor. Ganhei um pouco de roupas, uns 300 cds de mp3, etc... Paradoxalmente, esse homem , que eu não gostava, me ajudou; devo certas coisas para ele, que nunca me jogou na cara me sustentar, nunca disse coisas como: "vc tem que trabalhar!". A vida é cheia de contradições mesmo! Não sinto saudades dele. Eu preferiria nem tê-lo conhecido, que ele não tivesse aparecido na vida da minha querida mãe, mas certas coisas acontecem mesmo, tão certas como a morte. Infelizmente, precisamos do mal para viver, e acabamos precisando e devendo obrigação à pessoas as quais não gostamos.
continua...
Esse é um dos motivos de eu dizer que todo ser humano é um idiota. Muitos poderão até responder: "fale só por você!" E um dos motivos da idiotice humana, é se iludir com a vida. Mil nadas nos são oferecidos. Tudo fugaz; sucessões de problemas, de contrariedades de todas as espécies; convivemos com inimigos mortais, um deles, o tempo.
Nesta semana, ao ver um poema sobre quando a velhice chegar, num blog que sigo, pensei em comentar, mas ao ler comentários, que teciam loas à velhice, desanimei... Tal blog é muito bom, sua proprietária, além de ótima poeta, é uma pessoa educadíssima, tudo indicando ser uma equilibrada, do bem. Porém, às vezes, me dá uma canseira de tanto ficar na contramão.
Gente, velhice é fria! Quem não leu, se tiver curiosidade, leia "O Homem Medíocre", de José Engenieros. Ele, um médico, explana, com muita precisão, os revezes da velhice. E não é só lendo-o , que tomamos ciência disso, na nossa própria vida prática, percebemos tal fato.
E, nesta mesma semana, tomei conhecimento que mais um idiota, um velho conhecido, morreu: o ex-companheiro da minha mãe. J. tinha 73 ou 74 anos(minha mãe , se estivesse viva , completaria 72 anos, em dezembro próximo). Ele começou a sentir dor na coluna, logo em seguida, no peito, e disse para o irmão: "me leve ao hospital, pq não quero morrer". Mas não adianta não querer morrer, a morte, obviamente, chega contra a nossa vontade. Ele faleceu, poucas horas depois, no hospital, de infarto.
Apesar de eu não gostar dele, fiquei sentido com a notícia, me bateu uma tristeza; comecei a ter certas lembranças, incluindo a da minha saudosa mãe. J. viveu uns 14 anos com minha mãe. Eu morei 8 anos com os dois. Minha mãe não foi feliz com ele, que não foi um bom marido. Eu, também, não fui feliz. J. era um chato; imaginem um adolescente, mas desses bem inconvenientes... assim era ele. Ótimo anfitrião, ele cativava muito as pessoas. Era desses que pagava almoço, bebidas para os outros. Era capaz de presentear até a um estranho. Dava esmolas aos mendigos. Comprava, praticamente, todo mês , no shopping time. Comprava sempre mercadorias da maior qualidade, e dava a mercadoria usada para os outros, em especial para o seu casal de filhos; meu irmão também ganhou muita coisa dele. Levou calote de muita gente, mas mesmo se queixando conosco dos caloteiros, não cobrava as dívidas dos mesmos. Se eu fosse um folgado, um cara explorador, eu poderia ter deitado e rolado com o J., mas essa nunca foi minha índole.
Porém, quem convivia com mais assiduidade com ele, é que o conhecia bem. Extremamente agressivo, especialista em brincadeiras de mau gosto, machista ao extremo, gostava de derrubar as pessoas, gostava de intrigas, de por fogo, de perturbar. Claro que ele era infiel. Mentia com uma certa facilidade também. Que eu saiba, nunca ele bateu em minha mãe(se isso acontecesse, eu não aceitaria, lógico), mas costumava ser muito ríspido com ela. Era notório que tinha mais consideração pelos filhos do que por ela, embora, apesar dos pesares, ele ter gostado dela, que o ajudou muito a subir na vida. Ele mesmo dizia: "Se não fosse ela, eu já estaria debaixo da terra". Ele era do tipo de homem que batia em mulher; era uma pessoa violenta, criadora de caso.Batia em animais, como bateu em um dos nossos papagaios, depois de ser bicado por ele(minha ex-esposa ficou indignada). Ele provocava também os animais... Era prestativo. Paradoxalmente, se hoje tenho meu computador, foi graças a ele, que o me deu, depois da morta da minha mãe. E é constrangedor dizer isso, mas ele sustentou esse João Ninguém aqui por 8 anos. Meu antigo e bom som três em um da sony, foi ele quem me deu. Quando eu dava as minhas saídas, era usando meu minguado dinheiro, assim como quando comprava meus vinis e cds, mas eu não tinha despesas em casa, comia e bebia do bom e do melhor. Ganhei um pouco de roupas, uns 300 cds de mp3, etc... Paradoxalmente, esse homem , que eu não gostava, me ajudou; devo certas coisas para ele, que nunca me jogou na cara me sustentar, nunca disse coisas como: "vc tem que trabalhar!". A vida é cheia de contradições mesmo! Não sinto saudades dele. Eu preferiria nem tê-lo conhecido, que ele não tivesse aparecido na vida da minha querida mãe, mas certas coisas acontecem mesmo, tão certas como a morte. Infelizmente, precisamos do mal para viver, e acabamos precisando e devendo obrigação à pessoas as quais não gostamos.
continua...
Não entendo por que você ficou triste.
ResponderExcluirEle era pra ter morrido a mais tempo. Uma pessoa que maltrata animais pra mim merece a morte cruel. A pior de todas. Quem sabe viver muito tempo e sofrendo muito com as coisas da vida.
Odeio que maltrata animais.
Se sua mãe vivia com ele e gostava dele do jeito que ele era, é porque ela concordava com tudo. Posso estar enganada.
A vida é uma caixa de surpresa contraditórias ou não.
Não se engane, coisas são só coisas para espanar.
Beijos!
Beijos!
Um tanto de gente, já me chamou de radical, no decorrer da vida, Janice, mas acho sua postura em relação aos que maltratam animais, bem mais radical.rs
ExcluirAté mesmo , minha ex-esposa(outra radical), não passou a odiar o companheiro da minha mãe, por ele ter batido no papagaio; ela condenou, e com razão , a sua atitude. Foi ignorância e covardia por parte dele, mas pessoas muito violentas, sem formação, costumam agir dessa maneira.
De modo algum minha mãe concordava com ele, vc está, de fato, enganada. Minha mãe, que tinha seus defeitos, mas mais qualidades, que era uma pessoa de boa índole, sofreu com ele, coitada, foi uma vítima. Ela falava em separação, mas ele não aceitava. Não sei se ele teria a capacidade de matá-la, mas que ele aprontaria alguma coisa, para catimbar, isso ele faria. Outro porém , que fez com que minha mãe, não se separasse dele: eu, sem trabalhar, dependia dele; meu único irmão , era empregado dele,e para piorar a situação, esse meu tio galinha, que te falei no comentário abaixo, morou com a gente por uns dois anos, sem dar um tostão para a casa, e olha que ele tem renda de aposentadoria... Minha mãe ficou refém disso tudo. Ela não concordava com o J., com suas atitudes; ela foi mais uma que se enganou a respeito dele. A mama foi uma heroína, mas frágil, muito sensível, creio que isso ajudou a matá-la mais depressa.
Todos temos nossas contradições, defeitos e costumamos a ficar refém dos outros.
Grato pela sua presença.
Abraços
Interessante seu comentário, Janice.
ResponderExcluirVc diz não entender o motivo de eu ter ficado triste. No dia em que fiquei sabendo de sua morte, mandei um e-mail para duas pessoas, achando esquisito eu ter ficado triste, cheguei até a perguntar para elas: será demagogia de minha parte?
Essas pessoas, demonstrando muita sinceridade, disseram que não, que isso é natural, ainda mais pelo fato que vivi uns anos da minha vida com ele, e também por minha mãe ter vivido 14 anos com o mesmo. Uma dessas pessoas, que me responderam, é um tio materna(um galinha-rs), outro é a LL, cuja resposta foi mais sensata ainda. Veja só o que ela disse:
"Seu padrasto conviveu com você, assumiu um compromisso com sua mãe e por conta disso assumiu você também, bem ou mal, mas te assumiu. E ele te deixou uma das coisas que mais preenchem o "vazio de sua existência". Não vamos endeusar ninguém por que morreu, mas acho que você deve procurar sempre se lembrar do lado bom dele, há pessoas das quais a gente não gosta, das quais temos mágoas, que têm seu lado positivo, e a gente insiste em não querer enxergar. Muitas vezes a gente se põe numa posição de: não gosto e pronto, tal pessoa me fez isso e aquilo e pronto.
Na verdade, acho que você se lembra o lado positivo dele, ou não teria ficado sentido".
Eu não diria ignorância. É maldade mesmo.
ExcluirNão costumo idolatrar apenas porque morreu. Morreu.
Eu vou morrer e outros irão pensar a mesma coisa. Esta de preenchem vazio é papo, se está vazio até agora é porque não tive com que preencher. Quando eu morrer deixarei muitas lacunas abertas e não pretendo preencher por preencher. Já tive experiência e vejo que é uma reunião de família para um papo comedido.
Ou é bom ou não é. Meio termo não existe.
Você já ouvir falar em meio ladrão?
Ou é, ou não é. Se não é por completo é falta de oportunidade.
A morte é para todos. Aprendi com a vida que é cruel. Em 1989, perdi um filho com 8 anos em um acidente doméstico na casa de um tio, e isto foi o suficiente para descobrir que a morte é de todos. Descobri que quando se vive muito é para pagar uma conta que não sei de onde vem. Nossa divida com o mundo é do tamanho da nossa idade final. Isto é uma teoria minha, por que eu não faço nada e vivo sem função nem uma. Pra que?
Beijos!!
Beijos!
Acho que falei besteira demais. Coisas minhas.
ExcluirDesculpa.
beijos!
Não acho que vc falou besteiras. Não precisa se desculpar. Contudo, não entendi o que vc quis dizer a respeito de preencher o vazio.rs
ExcluirNão idolatro quem morreu. Acho até que quando a pessoa morre, aí que a gente pode mesmo falar mal dela, que ela não ficará sabendo e não nos pedirá satisfação.rs.
Brincadeiras à parte, o que senti com relação à morte do ex-companheiro da minha mãe, foi uma questão de momento, passou rápido.
Novamente, não concordo contigo, pois acredito no meio termo. O ser humano, a meu ver, em sua maioria, é mais ou menos. Da mesma forma que um aluno pode tirar de 0 a 10, numa prova, existem pessoas que podem levar essas notas, no tocante ao seu caráter. Bem, talvez , com exceções, que , na verdade, não existe pessoas nota 10, e será que existe as nota 0? Para pessoas bem radicais, que tem ojeriza com uma determinada pessoa, pode haver a que é 0 em termos de caráter. Mas uma mesma pessoa que é 0 para mim, pode não ser para outra pessoa. E, claro , que não existe meio ladrão, não é , Janice? Aí, é outra coisa, outro departamento...
Muito obrigado pelos comentários.
é meio estranho isso, mas as vezes precisamos agradecer mesmo até as pessoas que não gostamos ou que "não vamos com a cara".Mas fazer o que, não podemos escolher quem vai aparecer em nossas vidas, nao tem jeito, pessoas que não gostamos sempre aparecem.
ResponderExcluirConcordo contigo, Denise.
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