E segui os primeiros anos da década de 80, frequentando o centro espírita e, aparentemente, estável no meu emprego(antes, eu não tinha estabilidade profissional).
Parecia que eu tinha "tomado juízo", no entanto, era do conhecimento de todos, que eu detestava a multinacional, a qual eu trabalhava. No centro espírita, eu frequentava as reuniões mediúnicas das quartas-feiras e no sábado participava da evangelização das crianças, quase todas residentes numa favela. Eu, mesmo sem ter o ensino médio(só tirei o segundo grau, em 1985-supletivo), dava aula de evangelização... Vocês deviam ver que gracinha eu falando com as crianças sobre Jesus...
Mas, minha paciência se esgotou, e, em 1983, pedi demissão da multinacional, depois de 3 anos e 4 meses de serviço, de sofrimento. Todos ao meu redor foram contra...
Fiquei um ano desempregado. Neste ínterim , uma das coisa que eu fazia, era ler enciclopédias. Acabei por descobrir o marxismo e ficar bem interessado em filosofia e psicanálise. Li sobre religiões, agnosticismo, ateísmo. Comprei e li alguns livros... Em questão de pouco tempo, descri de religião. Não mais acreditava nesse Deus das religiões. Ateu ou agnóstico(até o agnosticismo suscita polêmica)?
Se tornou incomodo eu dar aulas sobre evangelização, eu estava me sentindo falso; então, falei com a coordenadora que pararia de dar aulas, pois não mais acreditava no que eu explanava para as crianças.
Continuei a frequentar o centro espírita, mas por pouco tempo.
E assim encerrei todo meu elo com religiões e com Deus.
Acho mais provável não haver vida após a morte. Mas, caso houver, boa coisa não nos espera.
A essência do ser humano não é boa. Não que o homem seja ruim, mas ele é ambíguo, a vida é ambígua, cheia de altos e baixos, cheia de problemas, de instabilidades e incertezas. Um aluno que tira nota 5, é um estudante sofrível. O homem é um ser sofrível. É um ser para a morte, um ser sem futuro, sem respostas para as suas questões. E se existe um criador, ele não é bom nem ruim; apenas nos criou e parece gostar do que vê, talvez se divirta com tudo...
Vero que existem coisas boas, há momentos bons na vida, e se não houvessem, acho que o suicídio seria geral. Mas tudo é fugaz, tudo sem sentido. E como dizia meu filósofo predileto, Schopenhauer: "o Nada é este mundo, com todos os seus sóis e galáxias".