A sensação, quando recebi a notícia foi como se eu perdesse uma parte muito valiosa de mim, nem sei bem descrever, foi uma sensação pior do que chegar em nosso lar e ver tudo queimado, sem nada sobrar.
E eu, que achei que não sobreviveria, sobrevivi por esses três anos.
Minha mãe era extrovertida, sociável, carismática-muito estimada- solidária, amorosa, boa conselheira, preguiçosa, "folgada", exagerada, leal, engraçada, radical, romântica...Adorava amizades e família. Não teve uma boa mãe e nem foi feliz com os dois malas que foram seus companheiros, um deles, meu pai. Se decepcionou com meu irmão, que era seu filho predileto. Se preocupava comigo, às vezes tentando esfriar minha cabeça, quando eu estava com ela muito quente. Minha mãe gostava de conciliar, não falava mal das pessoas, costumava até por panos quentes. A meu ver, nenhum dos seus quatro irmãos foram bons pra ela. Não que tenham sido canalhas, mas, cada qual , a seu modo, foi egoísta, e minha saudosa mama não portava a bandeira do egoísmo. E ela foi vítima do egoísmo daqueles que a cercavam.
37 dias internada num hospital, quase um mês no CTI, morreu só ou se não acompanhada da equipe médica . Ela não merecia o destino que teve, eu penso.
Ando cada vez mais apático, desligado, até frio, mas, neste momento, sou pura emoção, que saudade, mama, que falta a senhora me faz!
