Quando eu lia sobre a Revolução Russa, sempre via menções a Maiakoviski, um poeta engajado na mesma. Não se pode confiar muito no que se lê, ainda mais quando se trata do comunismo, mas sempre li que o grande poeta, era um entusiasta com a revolução, mas que, no final, depois de ver tanta burocracia e sangue, se desencantou.
Há poucos minutos, li algumas de suas biografias, diferentes umas das outras. Numa delas, até diz que seu suicídio foi forjado pelo estado soviético. Noutras, dizem que de tanto os críticos o detonarem e por ter tido uma decepção amorosa, o mesmo se matou. Ele morreu aos 36 anos.
Ao ler algumas de suas frases, mais ainda admirei esse homem/poeta. O texto que ele criou a respeito dos críticos, me deixou extasiado e, claro, com inveja, pois eu detesto essa raça.
Outra coisa interessante: sempre li que Maiakoviski dizia:" nunca vou me matar", e acabou se matando... Pensei que o poema foi feito por motivo existencial, político, mas , pelo que acabei de ler, quando o mesmo disse que nunca se mataria, foi um poema endereçado a uma mulher.
Fiquem com o grande Maiakoviski:
Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor.
Não é difícil morrer nesta vida: / Viver é muito mais difícil.
A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo.
Se a criança é um porquinho, quando adulto não poderá ser outra coisa senão um porco.
Hino ao crítico
Da paixão de um cocheiro e de uma lavadeira
Tagarela, nasceu um rebento raquítico.
Filho não é bagulho, não se atira na lixeira.
A mãe chorou e o batizou: crítico.
O pai, recordando sua progenitura,
Vivia a contestar os maternais direitos.
Com tais boas maneiras e tal compostura
Defendia o menino do pendor à sarjeta.
Assim como o vigia cantava a cozinheira,
A mãe cantava, a lavar calça e calção.
Dela o garoto herdou o cheiro de sujeira
E a arte de penetrar fácil e sem sabão.
Quando cresceu, do tamanho de um bastão,
Sardas na cara como um prato de cogumelos,
Lançaram-no, com um leve golpe de joelho,
À rua, para tornar-se um cidadão.
Será preciso muito para ele sair da fralda?
Um pedaço de pano, calças e um embornal.
Com o nariz grácil como um vintém por lauda
Ele cheirou o céu afável do jornal.
E em certa propriedade um certo magnata
Ouviu uma batida suavíssima na aldrava,
E logo o crítico, da teta das palavras
Ordenhou as calças, o pão e uma gravata.
Já vestido e calçado, é fácil fazer pouco
Dos jogos rebuscados dos jovens que pesquisam,
E pensar: quanto a estes, ao menos, é preciso
Mordiscar-lhes de leve os tornozelos loucos.
Mas se se infiltra na rede jornalística
Algo sobre a grandeza de Puchkin ou Dante,
Parece que apodrece ante a nossa vista
Um enorme lacaio, balofo e bajulante.
Quando, por fim, no jubileu do centenário,
Acordares em meio ao fumo funerário,
Verás brilhar na cigarreira-souvenir o
Seu nome em caixa alta, mais alvo do que um lírio.
Escritores, há muitos. Juntem um milhar.
E ergamos em Nice um asilo para os críticos.
Vocês pensam que é mole viver a enxaguar
A nossa roupa branca nos artigos?
Da paixão de um cocheiro e de uma lavadeira
Tagarela, nasceu um rebento raquítico.
Filho não é bagulho, não se atira na lixeira.
A mãe chorou e o batizou: crítico.
O pai, recordando sua progenitura,
Vivia a contestar os maternais direitos.
Com tais boas maneiras e tal compostura
Defendia o menino do pendor à sarjeta.
Assim como o vigia cantava a cozinheira,
A mãe cantava, a lavar calça e calção.
Dela o garoto herdou o cheiro de sujeira
E a arte de penetrar fácil e sem sabão.
Quando cresceu, do tamanho de um bastão,
Sardas na cara como um prato de cogumelos,
Lançaram-no, com um leve golpe de joelho,
À rua, para tornar-se um cidadão.
Será preciso muito para ele sair da fralda?
Um pedaço de pano, calças e um embornal.
Com o nariz grácil como um vintém por lauda
Ele cheirou o céu afável do jornal.
E em certa propriedade um certo magnata
Ouviu uma batida suavíssima na aldrava,
E logo o crítico, da teta das palavras
Ordenhou as calças, o pão e uma gravata.
Já vestido e calçado, é fácil fazer pouco
Dos jogos rebuscados dos jovens que pesquisam,
E pensar: quanto a estes, ao menos, é preciso
Mordiscar-lhes de leve os tornozelos loucos.
Mas se se infiltra na rede jornalística
Algo sobre a grandeza de Puchkin ou Dante,
Parece que apodrece ante a nossa vista
Um enorme lacaio, balofo e bajulante.
Quando, por fim, no jubileu do centenário,
Acordares em meio ao fumo funerário,
Verás brilhar na cigarreira-souvenir o
Seu nome em caixa alta, mais alvo do que um lírio.
Escritores, há muitos. Juntem um milhar.
E ergamos em Nice um asilo para os críticos.
Vocês pensam que é mole viver a enxaguar
A nossa roupa branca nos artigos?
COMUMENTE É ASSIM
Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar. Quando velhos se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.
Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar. Quando velhos se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.
...nenhum som me importa
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora
o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora
o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho
Você não pode deixar ninguém invadir o seu jardim para não correr o risco de ter a casa arrombada.
Senhor Verden ele pode ter sido convidado a se suicidar, isso acontece, desconfio que é mais comum do que parece.
ResponderExcluirO senhor também tem um baú vasto do qual saem pérolas de história, curtir a postagem.
Cheros Tio!
Sobrinha,
ResponderExcluirVi um filme sobre Stalin, muito tendencioso, por sinal, no qual um dos seus colaboradores é obrigado a se matar, devido as chantagens do líder soviético. Tudo é possível, mas no tocante a Maiakoviski, creio , pelo que sempre li, que o mesmo se matou por livre e espontânea vontade.
Fico contente de vc ter gostado do post, mais contente ainda com a sua presença, que sempre me alegra tanto.
Tudo de bom!
Muito bom....
ResponderExcluirAté +
Bom que vc gostou, Fabiana.
ResponderExcluirAté mais.
Roderick, lentamente estou de volta. Já vi uma ópera que o enredo seria de uma lavadeira e um cocheiro. Coisas assim. Mais ou menos isto.
ResponderExcluirOutra coisa, quando uma pessoa se suicida , mesmo por pressão, é por livre vontade. Muitos não aguentam a vergonha, outros não tem como responder de outra forma para as pressões recebidas. É difícil.
Se não fosse de livre vontade não seria suicido, seria assassinato.
Beijos!
Oi Janice, fico contente por você estar melhorando, mas ficarei mais contente ainda, quando vc ficar 100%.
ResponderExcluirNão concordo muito contigo sobre suicídio por pressão. Em casos assim, pode não haver outra escolha; em certos casos a vítima não tem como lutar contra o agressor, que dá a ele duas opções: se matar, ou ter sua família morta; a vítima também pode ser ameaçada de torturas terríveis, então...
Saúde e paz!
concordo que não é difícil morrer e que viver é que é muito mais dificil.
ResponderExcluirMorrer é fácil, em poucos segundos, alguem pode acabar com sua vida. O problema esta em viver mesmo.
E como é difícil viver, Denise!
ResponderExcluirNo entanto, muitas mortes são dolorosas.
Obrigado, Denise.