quinta-feira, 26 de junho de 2014

Mais Um...

Acabei de tomar conhecimento, através de um e-mail de uma prima-filha do irmão mais velho do meu pai- do falecimento de um tio paterno, o filho número cinco, dos seis filhos que minha avó pariu.

Minha avó teve quatro homens e duas mulheres. Só restam as duas mulheres, a caçula, que tem uns 66 anos e a filha número quatro, com quase oitenta anos(ambas são solteironas, nunca namoraram... virgens).

Não sei a idade do meu tio falecido, mas, mais de setenta anos , ele tinha.
Morreu de infarto. Há dois meses, meu maior desafeto virtual, faleceu de ataque cardíaco, e agora chegou a vez do meu tio. Que inveja dos dois! Afinal, todo mundo tem que morrer um dia, não é mesmo? E infarto não é das piores mortes. Gente, nascem no mundo, 180 pessoas por minuto e morrem 102(também por minuto)! É um nasce e morre interminável, neste mundo indecifrável, contraditório, conturbado, injusto, cruel!!!

O tio G., o falecido em questão, era uma figuraça. Há dois meses atrás, numa conversa com a minha prima(a que acabou de me comunicar o falecimento), ela falou que ele era o mais difícil de se lidar, dos filhos da minha avó. Eu discordei, afirmando que o pior deles era meu pai(rs).
Ela ainda falou: não sei como a mulher dele o tolera. E, se não me engano , o casal completou bodas de ouro... Só se separaram uma vez, nos anos 70, quando meu tio caminhava para o fundo do poço. Mas, a separação durou pouco tempo.

Dos quatro filhos do sexo masculino que minha avó teve, ele era o menos bem sucedido, o mais pobre, o menos inteligente e habilidoso, mas era pretensioso, se achava bem melhor do que realmente era. Era maçante, genioso e rancoroso. Minha mãe falou, que há muitos anos atrás, quando ele ficou sabendo da morte de um idoso, que era seu desafeto, pensou(ou fez, não estou mais lembrado) em soltar foguetes, comemorando.

Trabalhei com ele, por menos de um mês, numa banca de frutas, do Mercado Central. Na ocasião, ele ganhava uma pequena comissão no lucros. A banca era de propriedade do N(homem mais velho do que meus tios). Os dois, ambos de gênio forte e bebuns(rs), não estavam se entendendo. Tio G, já para sair da banca, falou comigo- eu tinha poucos dias de casa- "Você vai sair também!". Ele queria que eu , assim como ele, se demitisse, para deixar o N na mão... Achei um absurdo!

Ele chegou a arrendar uma pequena banca de frutas, no mesmo Mercado Central. Quanto alguém comprava, por exemplo, uma caixinha de morangos, meu estimado tio, ao embrulhá-la, tirava ao menos um(dos morangos), para completar outras caixas, nas quais faltava a fruta(alguns estragam).

Nos anos 60 e 70, tio G bebia muito: cerveja e pinga. Estava na pior emocional e financeiramente. Um de seus tios, que também era dono de banca de fruta no Mercado Central, diante do seu pedido de ajuda, falou que estava disposto a ajudá-lo, mas que ele teria que parar de beber. Resposta do tio G.: " se for para parar de beber, não preciso de ajuda!". E cortou relações com seu tio.

Ele foi empregado do irmão mais velho do meu pai, que era rico(eu e meu pai também fomos empregados dele). Tio G não estava se entendendo com um dos funcionários do seu irmão mais velho, aí teve a audácia de dizer: "ou eu ou ele?"  Resposta do seu irmão/patrão: "Então, vc pode sair..." Tio G. quis encará-lo no braço(rs). Resposta do meu outro tio: "Vê se eu vou descer a tal ponto...".

E houve uma época que os três irmãos trabalhavam juntos: o patrão, filho mais velho da minha avó, meu pai e o tio G. Não se entendiam... o irmão patrão ferrava o meu pai, e este ferrava o tio G(era a hierarquia rs).

Surpreendentemente, ele parou de beber. Nunca mais bebeu. Acho que isso aconteceu, ainda nos anos 70.
Seu único filho, ficou bem de vida.No entanto, segundo as más línguas, ele não é lá muito honesto...
Que eu saiba, o Tio G chegou a ter uma padaria, mas não foi muito pra frente. Me parece também que seu filho o ajudava. No entanto, anos atrás, ele se vangloriou por seu filho estar mal financeiramente, chegando a fazer um tinindo pra baixo: "O M.(seu filho) está(fazendo o tinindo pra baixo)...

Há anos e anos, sua saúde estava bem precária.

Apesar do que eu disse a seu respeito, eu gostava dele. Nunca discutimos. Porém, tivemos pouco contato. Dos seis filhos da minha avó, ele foi o que menos convivi. Ele me tratava bem.

Na época do falecimento do meu pai, em 2002, ele ficou internado por dois dias num hospital público. Eu e minha ex-mulher revezávamos como acompanhante. Tio G , caridosamente, se ofereceu para acompanhar meu velho. Eu teria que ficar até mais tarde, esperando minha ex chegar. Meu tio apareceu e falou que eu poderia ir embora, descansar. Poucas horas depois, meu pai morreu. Graças ao tio G, não tive a infelicidade, a dor , de ver o meu pai morrendo. Ele estava muito chateado no velório. Chorou e falou bem do meu pai, que segundo ele, o ajudou...


Até que o saldo, para uma família de tendências, suicidas, é positivo, já que dos seis filhos da minha avó paterna, apenas um se matou, em 1991, aos 59 anos, enforcado. Acredito que as duas filhas que restam, não cometerão tal ato.

Lamento muito pela esposa, peso seu filho e por minhas duas tias, em especial a caçula, que é a única de gênio bom, entre os irmãos, e é uma pessoa amorosa, bondosa.
Mas, fazer o quê, a gente nasce é pra sofrer, perder o tempo, se iludir com coisas fúteis e fugazes, pra , finalmente, morrer...

E o morto vivo aqui, exibi a capa de um dos meus amados discos, que se foram há quase um mês.
Comprei tal disco em 1976. Saudades!!!


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