sábado, 15 de setembro de 2012

E Já Faz Quatro Anos Que O Compositor Se Foi





Ô ano de 2008! No pior ano da minha vida, perdi minha mãe; por isso foi o pior ano.

Um mês e meio depois, o músico que eu mais gostava se vai também.

E no mesmo ano , conheci a LL, a qual fiquei perdidamente apaixonado.
Apesar dos pesares, não lamento de tê-la conhecido. Ela, pelo que pude notar, é que lamenta... Mas, acredito que ela esteja bem, agora. Há uns 40 dias que não temos contato. Creio que ela está bem, exibindo seus conhecimentos gerais e sua simpatia , pela blogosfera a fora ; sendo paparicada pelos poetas e intelectuais, que ela tanto gosta. Essa é sua turma, da qual não faço parte.

E hoje faz 4 anos que o ex-tecladista do Pink Floyd, Richard Wright, morreu.
Não sou muito de sentir morte de celebridades. Não chego a ficar indiferente, mas não sinto tanto como no caso de pessoas mais próximas.
E Wright foi a celebridade , que mais me comoveu, diante de sua morte. Eu tinha esperanças de escutar canções novas, de sua autoria. Tempos depois de seu falecimento, fiquei sabendo que ele pretendia gravar um disco, mas a morte chegou primeiro, e me parece que não escutaremos as músicas, que o grande compositor compôs. Nunca me conformarei com isso!

Interessante, o lance de afinidade, e as coincidências da vida. Conheci o Pink Floyd, em 1973, através de 3 músicas, tocadas no rádio: "Money", "Time" e "Us and Them", do famoso álbum "The Dark Side of The Moon". No ano seguinte, compro, pela primeira vez, um disco do grupo, seu segundo LP, "A Saucerful of Secrets"(1968). Vejam bem, nas primeiras audições não gostei do disco, porém, na primeira vez que o escutei, gostei muito de uma canção composta por R. Wright, "See Saw", que se tornou minha música predileta, de todos os tempos. E em praticamente todos os discos, em que o tecladista compunha, eram as suas canções, as minhas preferidas. No chamado mundo real, não conheci ninguém que tinha Wright como seu preferido músico no Floyd. As preferências ficavam divididas entre David Gilmour e Roger Waters.

Coincidentemente, Wright era quieto,discreto, introvertido, melancólico, não gostava de aparecer, assim como eu.
No mundo virtual, li que ele sofria de depressão. Não sei se isso é verdade, já que não podemos confiar em muitas coisas, lidas na internet. Também não acredito muito que ele, na época da gravação do "The Wall"(1979), estava envolvido com cocaína. Wright era o protótipo do anti-superstar.  Eu gostaria de tocar teclados como ele, cantar como ele, compor e arranjar como ele, e , até mesmo, ter uma aparência como a dele. E confesso que não consigo entender como ele podia gostar tanto de ficar no ostracismo, na penumbra. Wright era um tecladista de muito potencial, mas, principalmente nos seus discos solos, não gostava de aparecer: criava uma base, com seus teclados, e os solos ficavam por conta de guitarras e saxofone. Nas suas três incursões, fora do Floyd, nenhum de seus solos, com seus teclados, passaram de um minuto. No PF ele solava mais, se destacava mais que em seus discos solos. Ao vivo , então, criava solos longos.
E, no seu primeiro álbum solo, "Wet Dream"(1978), ele parece fazer questão de mostrar que "não é tecladista, nem cantor". O disco tem 10 faixa, 6 instrumentais e quatro cantadas por ele. Geralmente, músicos que cantam e tocam, ou fazem questão de mostrar seus talentos, tanto como instrumentistas ou vocalistas, ou só numa modalidade. Richard Wright, não, ele era diferente, preferia ficar na penumbra. Isso chegava até me irritar. Durante anos, sonhei que ele poderia voltar a criar uma música como "Sysyphus", peça de 14 minutos de duração, do álbum, "Ummagumma"(1969), no qual ele dá um show de teclados. O sonho foi em vão. Outra coisa , na qual não tive afinidade com ele, foi sua paixão por saxofone, que é um dos instrumentos que menos gosto.

Wright era um cara difícil mesmo de se entender. Chegou a se culpar, se taxando de preguiçoso(também sou-rs): "eu poderia ter composto mais. Adoro compor, mas fui preguiçoso". Se parece comigo na imprevisibilidade, igualmente. Nos discos mais antigos do Floyd, foi bem ativo como compositor,mas , com o passar do tempo, suas canções foram ficando escassas.  A guitarra de David Gilmour, acabou se destacando bem mais, gradualmente,do que os teclados de R.Wright.  Foi discreto, como tecladista, no "The Dark Side of The Moon", a meu ver. porém se destacou, se soltou muito, no disco seguinte, "Wish You Were Here", no qual ele arrasa , tocando uma enorme variedade de teclados. Desta vez, penso que ele se destacou mais do que o David Gilmour.  Depois disso, volta para o ostracismo. Sai do Pink Floyd. Depois de anos, sem apresentar uma canção, volta a compor, de parceria com guitarrista/vocalista, David Harris, no projeto, Zee, com o álbum, "Identity"(1984). O disco é de estilo tecno pop , com pitadas progressivas. É um trabalho bem interessante, até inovador, eu acho, contudo, o insatisfeito Wright, não gostou nem um pouco do álbum, retirando-o rapidamente de catálogo.

E o homem, só volta a aparecer como compositor e cantor em 1994, nas gravações do "The Division Bell", do Pink Floyd. Para a nossa alegria, grava outro álbum solo, em 1996, "The Broken China"(como sempre, discreto nos teclados e na parte vocal).

Enquanto, eu acho "See Saw" a música mais bonita de todos os tempos, Wright acha-a a mais aborrecida de todos os tempos(rs). Não gostava de suas músicas antigas. Tinha vergonha de "Remember a Day"(pode uma coisa dessas?).  Não gostava de sua voz; se achava um tecladista com estilo, mas não um virtuose, dizia que, acima de tudo, era um compositor. Porém, não se considerava um letrista. Eu gostei da maioria das suas letras-muito bem feitas, penso.

Suas músicas tinham um algo mais, na minha opinião. Poucos partilham disso.
Wright foi um músico subestimado. Pena que compôs pouco, que morreu, antes de nos mostrar suas novas canções.  Pena que gostava tão pouco de aparecer. Se eu tivesse seu potencial, estaria feito, e gostaria de aparecer, pelo menos no sentido de solar com os teclados e exibir minha voz.
Em 15.09.2008, o mundo perdeu um grande músico!

4 comentários:

  1. Nossa, Roderick!
    Você entende muito de rock!
    Já pensou em escrever um livro sobre o assunto?
    Você não tem apenas um acervo de discos, você tem muitas informações também.
    Bem interessante.




    ResponderExcluir
  2. É bondade sua, Isa. Não entendo, só conheço alguma coisa.
    Não tenho condições de escrever um livro. Se eu escrevesse, tenho quase certeza que seria um fracasso de vendas.rs

    Muito obrigado por sua gentileza.

    Bom domingo!

    ResponderExcluir
  3. Quando minhas celebridades favoritas morrem, eu choro igual criança. Eu sei! Meio patético da minha parte, não? Mas sempre foi assim.

    Beijos!

    ResponderExcluir
  4. Não, não acho que seja patético, Helena. Isso denota sensibilidade, bons sentimentos. A mulher é mais sensível que o homem. Ela anda perdendo a classe, a feminilidade, mas ainda é mais sensível que o homem.

    A LL também se comove com mortes de celebridades. Ficou muito triste com a morte de Michael Jackson. Eu não gostava dele. Na ocasião da sua morte, eu, enciumado, acabei o criticando, numa das minhas comunidades. A LL e um amigo do meu rol de orkut, saíram da comunidade, em sinal de protesto. Me retratei. Ela, na época, colocou muitas fotos do MJ, em seu álbum do orkut. Eu gostaria que ela gostasse de mim, como gostava(gosta) do ídolo.

    Isso , talvez, seria patético, não?

    Boa semana, Helena!

    ResponderExcluir

Todos os comentários serão respondidos.

Marcadores