segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Uma Estranha Cidade

Nas minhas andanças por muitas cidades, conheci uma, que muito me cativou. Jamais vi uma cidade assim. Foi a cidade mais peculiar que conheci, a que mais gostei.

Já na primeira visita, fiquei fascinado. Vero que um dos motivos do fascínio, é que se tratava de uma cidade muito simples. Casas simples, umas maiores, outras menores, sendo raríssimos muros altos- nada de coisas como cerca elétrica. O trânsito fluía normalmente, aliás, nem parecia ser normal, devido a ordem, a organização, a tranquilidade das ruas e avenidas. Não havia engarrafamento.
Na primeira visita que fiz na cidade, cheguei a pensar que eu estava louco, pois não vi gente feia, não vi baixinhos, não vi gente obesa e nem raquíticos.

De volta pra casa, depois da minha primeira visita à cidade, outra fato me deixou pensativo: não vi crianças e nem idosos na cidade.

Continuei frequentando tal cidade. Na verdade, por 20 anos a frequentei. Aos poucos, observei melhor certos detalhes, e (alguns) de seus mistérios foram me sendo revelados.

Nunca presenciei uma briga, nunca vi qualquer pessoa nervosa. Não vi mendigos, não me deparei com ninguém doente. Lá não havia farmácia, nem cemitério, nem delegacia...

Me interessei de morar lá. Mas um dos moradores, uma espécie de autoridade, não aceitou meu pedido. Ele me revelou mais sobre a estranha cidade. E, lógico que questionei a diferença da cidade com as outras no mundo, coisas como relatei acima. O gentil homem disse que a população da cidade é a mesma, desde suas origens. Lá não nasce e não morre ninguém. Ninguém envelhece. Eles não aboliram o dinheiro- que entra até na forma de turismo-no entanto, nem todos trabalham. Só trabalham os que querem. Todos têm direito à alimentação e a ter um lar. Os que trabalham, certamente, são remunerados e têm mais conforto.
Em algumas casas, moram casais, em outras moram duplas de amigos(a), em outras várias pessoas, havendo também os que optam por morar sozinhos.
Uns têm seu par, outros preferem viver sós. Não existe separação, e o amor, o namoro, quando há, é único. Os casais fazem sexo, mas sem se procriarem, claro.  Ninguém defeca, nem urina. Bem que achei os alimentos lá mais leves, embora ter usado instalação sanitária, que são destinadas aos visitantes. Outra coisa que estranhei, pois jamais eu tinha visto algum morador da cidade usar o banheiro.

E lá existem coisas como Igreja, campos de futebol, salões de dança, cinema, shoopings,bares, mas ninguém fica tonto e nem inconveniente com a bebida, que não ataca a saúde. Lá não havia brigas, ninguém se machucava, nem se acidentava, ninguém adoecia.

E o homem me explicou que como minha estrutura era diferente, afinal eu envelheço e morro , posso procriar, entre outras coisas, eu jamais poderia viver naquela cidade. Questionei coisas como que, numa cidade assim, poderia imperar a monotonia. Ele respondeu: "É isso que vc vê aqui"?  Eu falei que não,que via era felicidade e tranquilidade, paz... Alertei do risco da cidade ser invadida. Ele falou que por lá havia um campo de força e detectores, que impediam que a cidade fosse até mesmo visitada por pessoas de má índole, e que todos os que tentam, recebem uma carga que os fazem  esquecer completamente da existência da cidade. Somente pessoas boas e/ou puras de coração(isso foi ótimo pro meu ego-rs) , podem visitar tal cidade.

Ah, outro fato que estranhei: das inúmeras vezes que fui até a cidade, não vi chuvas, nuvens, nada disso.
Só vi sol, o bonito céu azul, estrelas à noite.  E o clima era um calor ameno. Não presenciei inverno nas vezes que fui por lá. E me foi explicado que eles conseguem viver sem chuvas e sem frio.

Pena que não mais tenho dinheiro para visitar essa fascinante cidade. Apesar de sempre quando eu me partia dela, me batia uma enorme tristeza de ter que voltar a um mundo cheio de cidades miseráveis, no conturbado planeta Terra.

E você(s), gostaria de morar nessa cidade?

8 comentários:

  1. A cidade perfeita, seria maravilhoso morar num lugar assim.Pena que está longe demais de nossa realidade.

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  2. Ô Denise, até que enfim alguém me entende. Modéstia á parte, gostei deste post, e, finalmente, alguém me entendeu.

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  3. Pocha, colocou para fora seu lado literato Senhor Verden, eu curti!!! Gostei mesmo!!! Um bom conto me lembrou Atlantida, Parsagada, a Utopia de Thomas More, me lembrou Tír na nóg, a cidade Celta escondida nas montanhas da Irlanda, onde a vida é perfeita e as pessoas não morrem e não envelhecem e nunca sofrem... O único problema é que em Tir Na Nóg as pessoas como não conhecem a dor também não conhecem a alegria... Como não choram não aprendem a sorrir, como não conhecem a miseria não aprendem o que é a glória... Como não morrem não sabem o valor da vida!!!

    Enfim... Gostei mesmo do conto, me fez relembrar histórias antigas \o/

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  4. Quando criei o post, me lembrei de "Utopia". Eu não cheguei a ler o livro de TM, mas ouvi falar muito sobre. Ele , paradoxalmente, foi canonizado no Vaticano e tinha uma estátua na extinta União Soviética. Mas, na sua cidade ideal, ele aboliu o dinheiro. Os outros que vc falou, não sei sobre, mas achei muito interessante, pretendo pesquisar. Mas, creio que fui mais otimista, já que falo em alegria e felicidade. Criei isso como uma das poucas esperanças que tenho ainda, assim como criei um outro post, intitulado, "O abraço que não vou ter- ainda tenho um sonho"

    Sobrinha, muito, mas muito obrigado mesmo pelos seus comentários!

    Tudo de bom!

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  5. OBS:
    Aqui perto tem uma cidade que chove uma vez por ano.

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  6. Chove na Paraíba toda , menos em Cabaceiras. Chove até nas cidades vizinhas a ela e lá não.

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