E as pessoas de pele escura, também, como todos estão carecas de saber, são alvos de comentários e olhares preconceituosos, quando tem como par uma pessoa de pele clara.
Meu próprio irmão, branco, casado com uma preta, uma vez me disse que quando os dois estão abraçados, em lugares como um shopping Center, por exemplo, as pessoas os olham da cabeça aos pés.
Meu irmão está longe de ser um homem bonito, mas vejam o que uma ex-colega de serviço, que foi vizinha dele, me falou: "há quem comente, de como um sujeito bonito como ele pôde ter casado com uma mulher como ela".
Dois de meus velhos conhecidos, pretos, foram rejeitados pela família das esposas... afinal, elas eram brancas...
Mas, entre os casais destoados, não existem só os homossexuais e os de cor diferente.
Neste final de semana, li uma matéria no site de rock, Whiplash, no qual muitos e muitos opinantes, detonam a Yoko Ono, viúva de John Lennon; muitos a dizer: não entendo o que o John Lennon viu nela. E a Yoko, não é criticada apenas pela feiura, seus dons artísticos , são muito questionados, além de ser considerada antipática. Ninguém parece se lembrar que ela é que foi responsável pelo John Lennon ter se engajado, transmitir mensagens de paz. E Lennon tinha muito ciumes dela, era dependente do seu amor, da sua pessoa.
Tenho um primo, da minha idade, que mora numa cidade do interior, das Minas Gerais. Poucas vezes o vi, nunca fomos íntimos. Era muito falado que sua namorada era muito feia. No casamento de seu irmão, ele estava abraçado à namorada, mas não cheguei a ver seu rosto. Na volta para casa, meu pai, ao volante, falou com meu tio(pai do meu primo), algo assim: "seu filho, só pode estar doido!".
Minha primeira namorada, era muito bonita, e eu fui alvo de deboches e críticas. Magrelo, com o rosto cheio de espinhas, eu era muito feio. Um dia, um sujeito, num carro, gritou: "ô bicho feio... ô lourinha , vc sofre da vista ou é louca?". Fiquei indignado e ela tentou me acalmar.
Sempre pensei, com preocupação, que se eu e a minha ex-paixão virtual namorássemos, não seríamos aceitos pelas pessoas, em especial seus parentes e amigos. Sou feio, ela é bonita, sou um João Ninguém, ela é da classe média; ela é super culta, eu tenho pouquíssima cultura; ela é cheia de vida, animada, eu sou devagar, um homem morto; ela é muito extrovertida, sociável; eu sou introvertido, um bicho do mato.
E este foi mais um dos motivos de eu ter tanto ciumes dela, já que me sentia inseguro com a situação. Eu seria o Bentinho, ela a Capitu, do conto de Machado de Assis.
E, falando nela, eu acabei de me deparar com um post antigo, criado há quase dois anos atrás, em seu blog, no qual, sem citar meu nome, ela me detona(não conhecia o post, pois , às vezes, eu ficava meses sem navegar no seu blog). Impressionante!
Eis o trecho, que mais me chamou a atenção:
"Mas, e quando alguém fala muito mal de si? Quando praticamente avisa que não vale nada? Alguém acredita? A tendência é ninguém acreditar também, porque ninguém fala tão mal de si próprio, e todo mundo (os que não convivem com a criatura, ou que têm um contato bem superficial com ela) diz: "você está se menosprezando", ou "tenho certeza de que você não é tão ruim assim", ou "ah eu não acho nada disso de você", ou, e o pior de tudo: "você tem autocrítica, é muito autêntico(a)!"... E aí a pessoa realmente dá indícios de que é exatamente como diz que é, age exatamente como diz que é, só que ninguém percebe, ninguém enxerga nada. De tão convencidos que estão de que o que a pessoa diz de si não é verdade, ficam cegos para o óbvio.
Gente, é impressionante! Como essa "modalidade" de marketing pessoal funciona! "
Os comentários sobre o post, até que foram interessantes e tirante um que disse que a pessoa citada no texto é safada, os outros opinantes até que foram sensatos, sem serem radicais como a minha ex-paixão.
Sinceramente, nunca em toda a minha vida, alguém pensou tão mal a meu respeito. É de se estarrecer : como uma mulher tão inteligente como ela, pôde ter uma visão tão negativa da minha pessoa e isso, no decorrer de anos de contato?
Será que o tempo ainda dirá alguma coisa? Será que existe justiça no mundo?
Uma coisa é certa: nunca conheci o amor, só conheci paixão.
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